A longevidade dos negócios hoje depende diretamente de sua resiliência digital. Processos críticos, relacionamento com clientes, gestão de cadeias de suprimentos e até mesmo a reputação corporativa estão cada vez mais sustentados por ativos digitais. Nesse contexto, a cibersegurança deixou de ser um tema técnico restrito à TI para se tornar uma questão estratégica que define, em muitos casos, a própria continuidade de uma organização.
“O maior perigo em tempos de turbulência não é a turbulência em si, mas agir com a lógica de ontem.” A frase de Peter Drucker é oportuna e atual. O colapso da transportadora britânica Knights of Old, após um ataque de ransomware que paralisou suas operações e inviabilizou sua recuperação, não foi apenas um incidente de segurança: foi o fim de um legado de 158 anos.
A mensagem para quem cuida da estratégia é que a cibersegurança se converteu em um investimento em continuidade, competitividade e confiança. Na prática, isso significa que o tema deve ser integrado de forma transversal à governança corporativa, contemplando importantes pilares como:
• Agenda do conselho: monitorar indicadores claros sobre exposição a riscos, maturidade cibernética e evolução das defesas, acompanhando planos de resposta e recuperação.
• Estratégia corporativa: avaliar os riscos cibernéticos desde a concepção de iniciativas estratégicas, como fusões, expansão digital e adoção de IA e novas tecnologias, garantindo que a segurança seja uma alavanca de inovação.
• Estruturas de governança: o comitê de riscos deve incorporar o risco cibernético no mapa corporativo e priorizá-lo conforme seu potencial de impacto financeiro e reputacional, incluindo os riscos de terceiros e fornecedores críticos. O comitê de auditoria deve supervisionar a eficácia dos controles, a aderência a requisitos regulatórios e a resposta eficaz a incidentes. As tradicionais auditorias anuais já não são suficientes; devem ser ajustadas para acompanhar o ritmo das transformações digitais e novas exposições aos riscos cibernéticos.
• Agenda ESG: no pilar da governança, a proteção de dados e ativos digitais é parte central da ética empresarial, da transparência e da responsabilidade corporativa.
A estratégia da sua empresa é tão resiliente quanto ambiciosa? Integrar cibersegurança à governança amplia a capacidade do negócio para prosperar mesmo diante de ameaças digitais inevitáveis e cada vez mais sofisticadas.
A governança cibernética é sobre proteger o valor da empresa e sua capacidade de continuar relevante. Em um mundo em constante mudança, as lideranças têm a oportunidade de inspirar a perenidade, tomando decisões hoje que pavimentarão um caminho seguro para o futuro.
Fonte: Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)