A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) anunciou na terça-feira (8) a volta do Salão do Automóvel em 2025. O setor vinha dividido em relação ao tema. Mas decidiu atender a um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mais do que uma exposição que costuma chamar a atenção do público, o salão transformou-se num símbolo da aproximação da indústria com o governo federal.
O anúncio foi feito ao próprio presidente da República durante o lançamento do programa governamental Combustível do Futuro, em Brasília, um projeto para reduzir emissões de gases de efeito estufa. A elaboração das regras do compromisso contou com a participação da indústria e o programa tem sido amplamente usado como instrumento de promoção dos fabricantes de veículos, que aproveitaram o anúncio para exibir seus produtos aos governos.
O lançamento do programa aconteceu um dia depois de a Anfavea anunciar o desempenho do setor no terceiro trimestre, um dos melhores resultados dos últimos meses.
Com 736 mil veículos, as montadoras registraram o melhor terceiro trimestre em produção desde o período que antecedeu a pandemia. O volume não era tão elevado desde julho a setembro de 2019. Na ocasião, os dirigentes do setor disseram que caso seja mantido esse o ritmo de crescimento registrado em setembro as projeções para o ano serão superadas.
O financiamento surge como o grande impulso desse crescimento. As vendas a prazo, que chegaram a patamares muito baixos no ano passado, em torno de 30% do total das vendas, voltaram a subir, para 50% no acumulado do ano.
Em entrevista na segunda-feira, a direção da Anfavea aproveitou para mostrar o descontentamento com a decisão do Banco Central de interromper o corte na taxa básica de juros e, ainda, na última reunião do Copom, em setembro, voltar a subir 0,25 ponto porcentual, para 10,75%.
A Anfavea poderia ter revisto e aumentado as projeções de vendas para o ano – 2,56 milhões de veículos -, segundo o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite, não fosse o movimento do BC.
Puxada pelas vendas financiadas, a média diária de licenciamento de veículos em setembro subiu para o patamar mais alto do ano – 11,3 mil unidades.
No acumulado do ano, foram produzidos 1,87 milhão de veículos, volume 7% superior ao dos nove primeiros meses de 2023. O bom resultado se reflete também no nível de emprego. Com mais 600 contratações em setembro, o setor fechou o terceiro trimestre com 106,4 mil funcionários. Desde o início do ano foram abertos 7,5 mil postos de trabalho.
O ritmo das linhas de montagem acelerou também em decorrência da recuperação do mercado externo, após meses de queda. Os principais mercados atendidos pelo Brasil, como Argentina e Chile, começaram a registrar crescimento.
A direção da Anfavea também aproveitou a entrevista concedida um dia antes do encontro com Lula para voltar a queixar-se do aumento de importação de carros chineses.
Leite destacou que enquanto o mercado interno cresceu 14,1%, no acumulado do ano as exportações caíram 12% e as importações avançaram 36%. E lamentou a perda de espaço para o produto importado. Segundo ele, a indústria enfrenta até aumento no custo de frete de peças em decorrência do volume de importações de produtos chineses.