Com mais R$ 300 milhões em caixa, após um bem sucedido follon on, a Boa Safra vai investir em três frentes: expansão do comércio de sementes de soja no Sul do país, construção de centros de distribuição em diferentes regiões e diversificação de portfólio, com sementes de forrageiras, trigo e feijão. Tudo isso levando em consideração a compra de outras empresas se for conveniente.
“Podemos aproveitar uma baixa temporária do agronegócio, que está afetado por preços mais baixos das commodities e juros altos, para conseguir ativos em termos melhores”, disse a reportagem Mariono Colpo, CEO da Boa Safra.
Há alguns candidatos óbvios, embora o executivo não tenha confirmado, como a área de sementes da Agrogalaxy, que mandatou o Santander para buscar um interessado.
A expansão para o Sul do país visa chegar a única região em que a Boa Safra atua apenas com parceiros. “Queremos construir uma fábrica na região e já temos cultivares para atender o clima mais temperado”, afirmou o executivo.
Sobre os centros de distribuição, nenhuma região está descartada. Recentemente, a companhia anunciou a construção de unidades em Mato Grosso, como parte da iniciativa de estar mais perto do produtor. Cada uma delas terá capacidade para 14 mil big bags.
A diversificação de sementes também já foi anunciada, com aposta principal no trigo, com a expectativa de vender 2 mil toneladas em 2023/24. O produto já está disponível nas 600 revendas parceiras da empresa.
Essas sementes custam entre R$ 3 e R$ 3,80 o quilo, o que representa de R$ 3 mil a R$ 3,8 mil em big bags de mil quilos. Para ter comparação, o big bag de soja custa entre R$ 8 mil e R$ 11 mil.
“Além dos recursos do follon on, temos dinheiro em caixa para garantir que investiremos mais do que nos últimos três anos”, resumiu Colpo. Desde o IPO, em 2021, a companhia investiu R$ 616 milhões.
Follon on
Na segunda-feira, o CEO da sementeira, “tocou o sino” na bolsa para o início da comercialização de novas 11,4 mil ações ordinárias emitidas pela empresa ao preço de R$ 16,50.
O follon on foi considerado um sucesso, com demanda superior ao volume inicial proposto pela empresa, que era de R$ 200 milhões. O valor das ações teve um deságio de 9% em relação ao preço de fechamento de 25 de março, quando a oferta foi anunciada.
Os controladores da Boa Safra, Marino Colpo, e sua irmã Camila Stefani Colpo Kochse, entraram com R$ 90 milhões, conforme prometido, e a gestora HIX, que tinha 6% de participação subscreveu R$ 30 milhões.
Os fundos de investimentos ficaram com o maior parcela das ações no âmbito da oferta, com 51,25% das ações. Em segundo lugar aparecem demais pessoas jurídicas, com 40%, e o restante ficou com investidores estrangeiros.
Em razão do follon on, o novo capital social da companhia passou a ser de R$ 768.834,452,40, dividido em 135.322.144 ações ordinárias, todas nominativas, escriturais e sem valor nominal.