Na jornada de governança que o 22º Congresso Anual do IBGC propôs, o pilar da Ética e Integridade foi a parada número um dos participantes no primeiro dia de evento. Para falar da prática ética nas organizações, Bob Chapman, Chairman of the Board and CEO da Barry-Wehmiller, e Jorge Hoelzel Neto, facilitador de direção da Mercur S.A, se reuniram para compartilhar experiências sobre a cultura de integridade onde pessoas pratiquem a confiança, o respeito, a empatia e a solidariedade. Com moderação do Prof. Dr. Alexandre Di Miceli, fundador da Virtuous Company Consultoria e Educação Executiva, o papo da plenária “A prática da ética nas organizações” abordou três pontos principais: a cultura de ética e integridade nas empresas, a cocriação no ambiente corporativo e responsabilidade social como prática contínua.
Para Bob Chapman, as empresas debatem o tema da sustentabilidade, mas é necessário abordar a sustentabilidade das pessoas. “Medimos o sucesso de uma empresa, a partir da forma como ela toca a vida de todas as pessoas envolvidas com o seu negócio, por isso, a responsabilidade com quem temos o privilégio de contratar é muito grande. Devemos saber como tratamos as pessoas, como o seu negócio afeta a saúde delas, por exemplo. Tudo isso para poder criar valor. Se não criarmos valor, não seremos bons para o nosso pessoal”.
O especialista ainda destacou a relevância da cultura para o bom desempenho corporativo e compartilhou o modelo de negócio robusto que desenvolveu nos anos 1990, a partir de erros que presenciou na década anterior. “Eu diria para vocês que o modelo de negócio é o que você precisa para liderar bem as pessoas, mas é a cultura o combustível para permitir o seu desempenho total. O foco é fornecer às pessoas uma razão para confiarem em nossas intenções. Essa é a nossa função: seja no país, na empresa, nas regiões, você tem que dar esse senso, para que as pessoas possam entender que estão seguras”, ponderou Chapman.
Entre os momentos da plenária para menção de alguns cases, Bob compartilhou que mesmo antes da pandemia, nos Estados Unidos, há o conhecimento sobre o grande nível de pressão e ansiedade no mundo corporativo, pois as pessoas não se sentem valorizadas. “Pelo contrário, elas se sentiam usadas para finalidade de uma outra pessoa, até que os nossos líderes entenderam como poderiam focar no desenvolvimento de algumas habilidades. Não basta dizer que tem que cuidar das pessoas, tem que ter habilidades para fazer isso”.
Responsabilidade social: uma carência no mundo corporativo?
Jorge Hoelzel Neto, facilitador de direção da Mercur S.A, por sua vez, falou da importância da cocriação como prática de ética e integridade. Para ele, a ideia de cocriar tem a ver com deixar as pessoas fazerem. “Um facilitador limpa o caminho para que as pessoas possam executar o trabalho que elas já sabem fazer. Esse processo de cocriação é importante, mas ele precisa ser apreendido por todos. Como que a gente junta as pessoas com diferentes saberes e diferentes características?”, perguntou.
A partir da experiência na Mercur, Jorge descreveu que cocriar é um processo que precisa ser sempre aberto para receber novos conhecimentos. Ao serem acolhidas para cocriar, as pessoas podem ir buscar conhecimento onde elas não têm ou buscar uma tecnologia nova que a empresa não tem ideia ainda. “Mas isso precisa ser estimulado, para que as pessoas, por vontade própria, possam ir atrás de conhecimento novo”. Nesse processo autônomo, Jorge falou da construção de equipes, a partir da diversidade, pois é uma etapa que implica um ajudando o outro. “Com a diversidade de conhecimento nas equipes é assim que conseguimos construir algo que faça mais sentido para quem vai consumir seu produto ou serviço lá na frente”, explicou Hoelzel.
Os comentários dos participantes, a partir da ética na prática, conforme previa a proposta do plenária, desembocaram no tema da responsabilidade social, enquanto prática complexa e ampla. “Nessa caminhada, o nosso grande estudo é a responsabilidade social e isso não se resolve do dia para noite, porque nós vivemos um sistema que está construído em cima dessa carência de responsabilidade humana. E isso precisa ser construído a partir das pessoas que entendem que essa é sua função. Então, acredito que o nosso trabalho é fazer com que as pessoas deem seu melhor para que evoluam e se tornem seres humanos melhores”.
Bob Chapman, nesse sentido, também destacou que a responsabilidade ética se estende a todos os stakeholders e com isso podemos curar o mundo. “Não pode ser diferente o que nós ensinamos e praticamos. A minha preocupação é que essa cultura possa durar além do nosso tempo”, finalizou.
Fonte: https://www.ibgc.org.br/blog/criar-valor-etica-integridade-congresso-ibgc-2021. Acesso em: 06/10/2021.