Para 2024, uma das principais tendências das instituições brasileiras de saúde é aprimorar o atendimento ao paciente. É o que informa uma pesquisa realizada entre janeiro e dezembro de 2023 pela consultoria de healthtech FOLKS, que entrevistou profissionais da saúde de 131 entidades públicas, privadas e filantrópicas em 21 estados brasileiros.
Segundo os entrevistados, a maior oportunidade para inovações está na área de assistência e recepção ao paciente, com 48% das respostas. Em seguida, vem o setor financeiro (32%) e, por último, as unidades de atendimento e internação (25%). “As instituições se deram conta de que precisam otimizar a interação do paciente com o hospital ou com a operadora”, diz Cláudio Giulliano, CEO da FOLKS, a Veja.
De acordo com Giulliano, esse processo pode ser feito por meio de uma maior digitalização dos serviços – também conhecido como ‘digital front door’. “Por exemplo, os agendamentos online para consultas e exames e o check-in digital ao chegar no hospital para o pronto atendimento, sem a necessidade de assinar papelada ao ser internado”, explica.
O ‘digital front door’ é um conceito que vem sendo explorado pelas lideranças das instituições de saúde para facilitar o acesso às informações e aos serviços de forma móvel, rápida e personalizada. Para Cláudio, os benefícios desse aparato tecnológico são evidentes. “O paciente vai ser impactado positivamente com uma jornada muito mais fluida em todos os pontos de contato com o hospital”.
Outros investimentos em curso
Além da transformação de processos em jornadas digitais – como atendimento, faturamento e ciclo da medicação – algumas empresas também investem em inteligência artificial com o intuito de aumentar a produtividade dos profissionais e, assim, tornar processos operacionais mais eficientes. O ciclo da receita é outro alvo promissor dos investimentos em saúde. “As instituições precisam deter uma rentabilidade maior. Pois, investir em processos e em tecnologias que otimizem esse ciclo é fator crítico de sobrevivência das instituições”, argumenta o especialista.
A expectativa dos investidores é que essas iniciativas contribuam não apenas para uma melhora significativa em todas as fases da jornada do paciente, mas também para uma transformação digital abrangente, tornando as organizações de saúde mais eficientes e inovadoras.
Desafios pela frente
Apesar dos investimentos crescentes, no entanto, o setor ainda tem um longo caminho a ser percorrido. Segundo Cláudio, os hospitais brasileiros possuem um Índice de Maturidade Digital de apenas 44,13%, fora outros desafios de desenvolvimento tecnológico e questões como a ética, a segurança e a proteção de dados.
“A tecnologia digital utilizada de maneira mais intensa gera problemas, principalmente, em relação a segurança da informação. No Brasil, temos a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) que, muitas vezes, é deixada em segundo plano” explica Giulliano. “Então, não é suficiente só investir em tecnologias para melhoria de processos e atendimento, mas também naquelas que protegem, evitam o sequestro e o vazamento de informações sensíveis.”
O CEO ainda defende a inteligência artificial como ferramenta de trabalho imprescindível e não como algo que “roubará” o lugar dos profissionais de saúde. “Ela não irá substituir médicos e enfermeiros. Entretanto, os que a utilizarem irão substituir os que não a utilizam”, finaliza.