A blockchain brasileira de primeira camada Hathor (HTR) fechou uma parceria com a mineradora de bitcoin (BTC) argentina Cryptogranjas para estimular a mineração de criptomoedas com o uso de fontes renováveis de energia.
Hoje, a Cryptogranjas utiliza a conversão de biomassa do lixo em energia, e depois usa esta energia para abastecer os computadores que resolvem a criptografia do blockchain do bitcoin para descobrir novos blocos pelos quais as transações com a criptomoeda serão validadas. “Começamos com os dejetos agroindustriais. Em especial, os agrícolas, como excremento de gado e frango. O gás metano é um dos principais responsáveis pelo aquecimento global. Se você captar esses dejetos, pode convertê-los em energia em vez de deixá-los se acumularem na atmosfera”, explica Jim Sarasola, CEO da Cryptogranjas.
Os tokens da Hathor são validados por meio de um processo chamado “merged mining”, no qual novas criptomoedas da rede são emitidas quando um minerador de bitcoin mantém instalado o software de mineração do protocolo brasileiro enquanto faz o seu trabalho. Não há qualquer gasto de energia adicional para minerar os tokens HTR, cujos blocos são descobdescobertos junto com os do BTC.
“Assim, o minerador consegue minerar no mecanismo de consenso mais provado e seguro do mundo cripto, mas sem gerar consumo de energia extra”, afirma Diego Guareschi, CMO da Hathor.
Com o programa de incentivo à mineração por meio de energia renovável, a Hathor garante que mineradores que comprovem a utilização de fontes limpas recebam o dobro dos tokens que receberia alguém que faz o mesmo trabalho, mas com energia proveniente da queima de combustíveis fósseis.
Em 2022, o Ethereum, blockchain dono da segunda maior criptomoeda do mundo em valor de mercado, o ether (ETH), mudou seu mecanismo de validação da Prova de Trabalho, que utiliza a mineração, para a Prova de Participação. No novo método, o usuário da rede mantém tokens bloqueados para a validação das transações em troca de uma remuneração percentual em novas unidades de criptomoeda ao longo do tempo.
Guareschi aponta que a Hathor poderia utilizar este método do Ethereum, porém o desenvolvedor do blockchain, Marcelo Salhab Brogliato, preferiu manter o projeto na arquitetura do bitcoin, que considera um mecanismo de consenso mais seguro e descentralizado. “É uma escolha tomada por este lado. No entanto, não minimizamos o problema do alto consumo de energia não renovável no bitcoin. Por isso, premiamos quem minera com fontes mais renováveis. Hoje pagamos 8 HTRs por bloco minerado, e para a Cryptogranjas pagaremos 16”, conta.
Sarasola diz ainda que está atento às oportunidades de mineração de bitcoin com energia renovável em toda a América Latina, e avalia que o Brasil poderia se tornar um polo neste quesito caso tivesse os incentivos certos. “A economia brasileira tem um excesso de oferta de energia hidrelétrica e uma economia estável, com uma moeda forte. É uma oportunidade”, declara.