Na fase inicial da pandemia da Covid-19, Mervyn King, presidente emérito do International Integrated Reporting Council e ex-juiz do Supremo Tribunal da África do Sul, cunhou o termo “coronanomics”, no intuito de refletir como as crises econômicas e sanitárias entrelaçam-se. Agora, em recente artigo do jornal britânico Financial Times ele defende que, quando chegarmos à imunidade da população através da vacinação global, as economias voltarão ao modo florescente.
Em suas palavras, isso quer dizer que os dirigentes e conselheiros de empresas terão que compreender as necessidades, interesses e expectativas das partes interessadas, os stakeholders, e as dificuldades que sofreram durante a “coronanomicidade”. Do mesmo modo, as partes interessadas têm de considerar os desafios com que as empresas têm tido de lidar.
O autor do artigo defende que os objetivos econômicos, sociais e ambientais globais estabelecidos pela ONU se tornaram tão importantes. Entre os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável acordados pelos líderes mundiais em 2015, encontra-se um relativo a parcerias. Isso impulsionou o rápido desenvolvimento das vacinas Covid-19 – e essa colaboração entre as partes interessadas e as empresas vai continuar como essencial enquanto as economias estão em modo de sobrevivência.
King alerta, no entanto, que um conselho de administração não pode ignorar o seu dever de pensar a longo prazo. A este respeito, os dois riscos críticos são as alterações climáticas e a segurança cibernética. E deverão ser integradas às estratégias empresariais a longo prazo, para quando as economias recuperarem o ímpeto.
Resultados de governança
Segundo King, finalmente os fornecedores do quadro de normas econômicas, sociais e de governação (ESG) vão tornar-se colaboradoras, após anos a verem-se mutuamente como concorrentes. Mesmo que eles estivessem todos estes anos precedentes lidando com formas de melhoria dos resultados para a sociedade, tornando os relatórios empresariais mais claros e a prestação de contas mais transparente.
A governança corporativa vai precisar de uma abordagem baseada em resultados, em linha com relatórios integrados ou estratégicos, como é conhecida no Reino Unido. Os objetivos de desenvolvimento sustentável são também baseados em resultados – por exemplo, água limpa, produção limpa e educação de qualidade.
O artigo discorre ainda sobre os quatro resultados críticos que os stakeholders devem ver são: cultura ética com liderança eficaz; confiança na empresa pela comunidade onde a empresa opera; controlos adequados e eficazes dentro da empresa; e criação de valor de uma forma sustentável. E conclui: uma empresa que alcança esses quatro resultados, pode dizer-se que a adota as boas práticas de governança corporativa.
Fonte: IBGC – Acesso em: 28/05/2021.