O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, admitiu nesta quinta-feira que pagou US$ 2 milhões (R$ 7,59 milhões, na cotação atual) para comprar votos que ajudaram a eleger a capital fluminense como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
Em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, Cabral contou que o ex-presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman, indicou o presidente da Iaaf (Federação Internacional de Atletismo), o senegalês Lamine Diack, para ser o intermediador da negociação.
A proposta teria sido de US$ 1,5 milhão para comprar de cinco a seis votos na eleição que ajudou Rio de Janeiro a vencer Madri (Espanha), Tóquio (Japão) e Chicago (Estados Unidos) como cidade-sede dos Jogos Olímpicos, em processo que foi finalizado no dia 2 de outubro de 2009 – na ocasião, o próprio Sérgio Cabral discursou no Congresso do COI, em Copenhage (Dinamarca).
Depois, forem oferecidos mais US$ 500 mil (R$ 1,898 milhão) por até nove votos no total.
“Eu não sabia qual seria a repercussão de um núcleo europeizado muito forte [na votação]. Nessa natureza, o Nuzman vira pra mim e me fala: ‘Sérgio, quero te abrir que o presidente da IAAF, lamine Diack, ele é uma pessoa que se abre pra vantagens indevidas'”, afirmou Cabral, em seu depoimento divulgado pelo G1.
De acordo com Cabral, entre os votos comprados aparecem o de lendas olímpicas como o ex-nadador Alexander Popov, que ganhou quatro medalhas.
Ainda de acordo com o ex-governador, o ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes, e os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer tinham ciência da negociação.
Vale lembrar que, além de Sérgio Cabral, o empresário Arthur Soares Filho, conhecido como Rei Arthur, e Carlos Arthur Nuzman também foram denunciados por corrupção ligada à suspeita de compra de votos.
Segundo a Ministério Público Federal, Cabral Nuzman solicitaram a Arthur Soares o pagamento para Papa Diack, filho de Lamine Diack, que garantiria os votos para o Rio sediar as Olimpíadas.
Fonte: ESPN. Acesso em: 05/07/2019.