Diante da avassaladora crise causada pelo novo coronavírus em todo o mundo, com repercussões na saúde, economia, segurança e nas políticas, o IBGC Conecta de quinta-feira (28 de maio) discutiu como as companhias têm respondido à pandemia e suas estratégias para o futuro. Sob curadoria e mediação da coordenadora da Comissão de Gerenciamento de Riscos Corporativos do IBGC, Luciana Bacci, o webinar contou com a participação do sócio da Deloitte e líder para soluções da Covid-19, Ronaldo Fragoso, e o gerente geral de Gestão de Riscos Corporativos, Crises e Controles Internos da Votorantim Cimentos, Wellington Oliveira.
Fragoso abriu a discussão contando como a consultoria criou um plano de 100 dias para que as empresas pudessem lidar com a crise sanitária de uma formada ordenada. Nesse plano, segundo ele, sua equipe não tinha a intenção de acertar prazos de retorno às atividades, mas de traçar uma preparação de retomada para as companhias, em etapas de reestruturação, com muito cuidado. “No setor aéreo, por exemplo, que teve que reduzir até 90% de suas operações, sabemos que muitos negócios não conseguirão sobreviver, o que pode gerar uma crise financeira das mais variadas formas. Nossa ideia era ajudar as empresas a passar por esse momento”, explicou.
O sócio da Deloitte antecipou ainda alguns resultados de sua pesquisa inédita Respostas à crise da Covid-19, que entrevistou 1.007 executivos de 662 organizações, entre 28 de abril e 12 de maio. Do total, 66% dos negócios consultados tinham origem brasileira. Sobre como as empresas se prepararam para o momento atual, as questões levaram em consideração seis frentes principais: clientes e receitas, tecnologias e meios digitais, governança da crise, gestão de pessoas, impactos financeiros, além de cadeia de suprimentos e operações.
O levantamento mostrou que antes da pandemia 19% das empresas tinham planos de gerenciamento de crise e que agora 92% adotaram ou vão adotar um plano de gestão de crise em 100 dias. De acordo com Fragoso, houve um movimento importante de endereçar os principais aspectos de governança relacionados ao coronavírus, o que pode vir a ser um importante legado dessa crise para as organizações que ainda não haviam se estruturado nesse sentido. “Uma grande parcela das empresas que ainda não possuíam estruturas formais de controles internos e gestão de riscos e crises adotou iniciativas logo após o começo da pandemia ou indicou sua intenção de realizá-las no curtíssimo prazo, ampliando a disseminação dessas práticas”, afirmou.
Oliveira, por sua vez, falou sobre a experiência da Votorantim Cimentos ante a crise atual e como as práticas de governança da empresa estão sendo testadas nesse momento. De acordo com ele, parte das empresas do grupo já tinha processos de gestão de crise iniciados, como um diagnóstico que indicava 45 novas ações que deveriam ser tomadas pela companhia em momentos críticos, dez estruturais e 35 operacionais, até estruturações como a definição de processos de crise (antes, durante e depois, com dez pilares), estabelecimento de governança (por meio de sete comissões regionais, corporativa e conselho) e ferramentas de gestão.
“Nosso estudo de riscos passou por aspectos estratégicos, operacionais, de compliance e financeiros”, detalhou. Para o gerente, as discussões entre os executivos do grupo sobre esses temas são constantes, “pois a compreensão plena do cenário pode significar uma vantagem competitiva muito grande no momento da retomada”, completou.
Fonte: IBGC. Acesso em: 28/05/2020.