A pandemia da Covid-19 acelerou a escala global das questões ambientais, sociais e de governança (ASG) nas empresas. Para compreender como os conselhos de administração têm endereçado esses temas em suas respostas à crise no Brasil, o Fórum de Debates do IBGC de terça-feira (7 de julho) recebeu o vice-presidente Americas Gabriel Hasson e a analista Ariel Smilowitz da BlackRocK, a sócia-fundadora da Catavento Consultoria, Clarissa Lins, além do executivo e conselheiro da Russell Reynolds Associates, Rusty O’Kelley. A mediação do encontro on-line exclusivo para associados do instituto foi do diretor geral do IBGC, Pedro Melo.
Hasson abriu as discussões defendendo que os conselhos de administração deixassem questões exclusivamente financeiras para focar em um trabalho socialmente responsável, em linha com a mensagem da última carta do CEO e presidente do conselho da BlackRock, Larry Fink, aos executivos de companhias investidas. “Não vamos apenas representar acionistas”, disse.
Já Ariel questionou a materialidade como um conceito estático nas empresas na região nesse momento. Segundo ela, embora alguns negócios demonstrem uma resposta positiva, a materialidade é uma jornada e está em constante mudança, o que tem sido evidenciado pela pandemia. “Os boards estão avaliando estratégias de e-commerce e transformação digital, o que mostra como as estratégias mudam rapidamente. O desafio das empresas agora é reforçar seus processos de transparência e divulgação de informações para os investidores, para que todos compreendam como as companhias estão navegando esse cenário”, explicou.
Para Clarissa, a agenda ASG no Brasil ainda é nova, com alguns setores mais expostos aos temas por serem dependentes de licenças de operação, por exemplo. Em termos de desafios, em sua experiência em colegiados, ela apontou que os conselhos estão acostumados a olhar a estratégia dos negócios pelas mesmas lentes das últimas décadas, o que deve mudar. “Novas lentes são necessárias, uma nova estratégia que compreenda melhor o papel do CEO. É preciso adicionar habilidades assertivas à gestão e ao conselho, isso trará novas lentes para as empresas”, defendeu.
O’Kelley afirmou perceber uma preocupação das empresas brasileiras com seus processos de governança corporativa, sobretudo envolvendo as questões ASG e como implementá-las da melhor forma. “Digo: continuem buscando esses avanços ASG, pois não se trata de algo sobre futuro, é sobre o agora”, completou.
Fonte: IBGC. Acesso em: 08/07/2020.