Em um intenso teste de estresse coletivo, companhias do mundo inteiro têm transformado seus processos de forma muito rápida durante a pandemia. Neste contexto, capacidades de adaptação e agilidade das equipes têm ditado o ritmo do desenvolvimento das empresas e devem continuar a influenciar seus desempenhos passada a crise do novo coronavírus, segundo as executivas convidadas para o IBGC Conecta de segunda-feira (11 de maio). Curador do debate, o líder de BeyondLabs e Wavescape da EY Denis Balaguer recebeu a diretora de Pessoas, Marketing e Sustentabilidade da B3, Ana Buchaim, e a presidente da SAP Brasil, Cristina Palmaka.
Para além de respostas mais velozes por parte das lideranças na SAP, Cristina contou que aspectos como o aumento da empatia e colaboração de toda a cadeia de stakeholders tem sido um destaque positivo na empresa de tecnologia nesse momento. Ana, por sua vez, citou a comunicação rápida e a criação de um grupo de trabalho exclusivo para a crise como ações estratégicas dentro da bolsa brasileira, que na semana passada realizou seu primeiro leilão misto, com participantes presenciais e online.
A fim de detalhar os melhores modelos de gestão e governança diante dessas fortes transformações, Ana citou a força dos elementos culturais das empresas. Para ela, as companhias mais próximas dos colaboradores conseguirão se adaptar muito mais rápido do que aquelas que operam com comando e controle centralizado. “A inteligência coletiva está em todos os pontos de contato da empresa, quanto mais abertura e confiança, mais fácil fazer essa virada [para o novo normal]”, defendeu.
Na avaliação de Cristina, as companhias que sairão fortalecidas dessa fase são aquelas que sabem administrar o ambiente digital de forma mais estruturada e manter a coesão cultural de seus times. “Estamos mantendo todas as reuniões das equipes, mas em formatos diferentes entre nossos colaboradores, buscando respeitar as limitações dos participantes na dinâmica do home office, e acho que acabamos sendo mais objetivos e eficientes”, afirmou. A presidente da SAP contou ainda que 30% a 40% da estrutura física atual da empresa no Brasil está sendo avaliada como dispensável. “Acho que todas as companhias vão repensar suas estruturas”, completou.
A executiva observou também o momento atual como uma oportunidade para as pequenas e médias empresas. Para Cristina, a tecnologia democratiza o acesso de empresas, independentemente de seu tamanho, a soluções inovadoras. “Muitos empresários buscarão uma reinvenção em um ambiente de colaboração, como a criação de marketplaces para expansão dos negócios, para sair daquele modelo único de negócio. Acho que essa será a mentalidade”, apontou. Já Ana Buchaim alertou que no futuro as empresas deverão intensificar sua capacidade de comunicação e de viver e trabalhar com o divergente, estando ele em um ecossistema externo ou entre os seus colaboradores. Os líderes não terão todas as respostas.
Novos temas de conselho
O cenário da Covid-19 tem mostrado também que temas como a tecnologia não podem ser tratados apenas por suas equipes especializadas ou pela diretoria de Operações das empresas. Do ponto de vista da governança, esse assunto ganha peso estratégico a partir de agora. “O conselho deve buscar na tecnologia novas rotas de estratégia, acompanhando seus impactos na governança, na segurança e em novos modelos de negócio da empresa”, disse a presidente da SAP.
O peso da cultura corporativa também deve ser revisto, segundo a diretora da B3. “Cultura, gestão de talentos e futuro do trabalho passam a ser assuntos mais presentes nos conselhos de administração”, afirmou. “No fim, quando falamos sobre atrair, cuidar e remunerar talentos, estamos falando sobre perenidade”, defendeu Ana. Na visão dela, a crise levará muitos colaboradores a repensar seus estilos de vida e as empresas terão que estudar como manter e continuar atraindo esses profissionais.
Fonte: IBGC. Acesso em: 12/05/2020.